alarme ecológico

31/12/2021

Todo ser humano já sentiu a raiva gratuita pelo zumbido de um pernilongo.

Estou, há umas quatro longas noites, com insônia, fato recorrente desse ano de 2021. Nunca meus pensamentos foram tão altos na hora do repouso, como o foram esse ano. O corolário chegou no dia 31 de dezembro, no momento auge do sono restaurador: um crescente e fino zzzZZ

A fêmea dos pernilongos, sim, aquela que não pica e se alimenta da nossa zanga.

Poucas são as justificativas que podem ser dadas para um despertar tão indecente. Sem ao menos iniciar uma batalha entre patas, peguei a raquete elétrica (item indispensável para qualquer morador dos trópicos), aniquilei bichinhos e fui, trabalhar.

Acho que é pra isso que eles nos importunam, a cada zzZ um “levanta-te e anda”.

Uma carniça

19/12/2021

Lembra-te, meu amor, do objeto que encontramos
Numa bela manhã radiante:
Na curva de um atalho, entre calhaus e ramos,
Uma carniça repugnante.


As pernas para cima, qual mulher lasciva,
A transpirara miasmas e humores,
Eis que as abria desleixada e repulsiva,
O ventre prenhe de livores.


Ardia o sol naquela pútrida torpeza,
Como a cozê-la em rubra pira
E para o cêntuplo volver à Natureza
Tudo o que ali ela reunira.


E o céu olhava do alto a esplêndida carcaça
Como uma flor a se entreabrir.
O fedor era tal que sobre a relva escassa
Chegaste quase a sucumbir.


Zumbiam moscas sobre o ventre e, em alvoroço,
Dali saíam negros bandos
De larvas, a escorrer como um líquido grosso
Por entre esses trapos nefandos.


E tudo isso ia e vinha, ao modo de uma vaga,
Que esguichava a borbulhar,
Como se o corpo, a estremecer de forma vaga,
Vivesse a se multiplicar.


E esse mundo emitia uma bulha esquisita,
Como vento ou água corrente,
Ou grãos que em rítmica cadência alguém agita
E à joeira deixa novamente.


As formas fluíam como um sonho além da vista,
Um frouxo esboço em agonia,
Sobre a tela esquecida, e que conclui o artista
Apenas de memória um dia.


Por trás das rochas, irrequieta, uma cadela
Em nós fixava o olho zangado,
Aguardando o momento de reaver àquela
Carniça abjeta o seu bocado

Pois há de ser como essa coisa apodrecida,
Essa medonha corrupção,
Estrela de meus olhos, sol da minha vida,
Tu, meu anjo e minha paixão!


Sim! Tal serás um dia, ó deusa da beleza,
Após a bênção derradeira,
Quando, sob a erva e as florações da natureza,
Tornares afinal à poeira.


Então, querida, dize à carne que se arruína,
Ao verme que te beija o rosto,
Que eu preservarei a forma e a substância divina
De meu amor já decomposto!

Charles Baudelaire – As flores do mal, 1857

desanuviando

31/12/2020

Água. Bule. Fogo. Chá branco. Caneca. Polegar, indicador. Beber até completar, mas falta.
Pensei que o erro fosse tratar como falta o que em essência são ausências.
Com elas vivi uma lua de mel nostálgica por onze dias, daí em diante foi falta mesmo. E saudade. A maior ironia do tempo e da fortuna, diz um conto do Machado.

Eu vejo assim: eu era uma bola de complexidade e paixões de um determinado tamanho, agora sou duas, três vezes maior com o que eu me permiti viver com outras, com outros, comigo. E tudo, sou eu. Assim, não falta nada.

Então, junta-se todos os apertos de todas as despedidas,
até acostumar
até passar
e aos poucos, chegam outras boas-vindas que tão logo serão outros apertos. E assim se sucede.

Encolhi-me

02/11/2020

Contorções devido às contrações moldaram-me grão
Já na janela da alma uma parte de mim, mulher lágrima, micro-eu
O micro-eu-lágrima tropicava entre meus cílios, não queria sair, se agarrava neles
Eu te perdoo!
Perdoo-te micro-eu-lágrima por tanto tempo represado no meu macro-mar de angústias
Pode ir-se! Molha o eu-grão que estou
Reascende o eu-sol que ocultei

7 pecados

17/11/2012

a gente encontra o amor

 

aí faz bosta.
preguiça maldita

crônica de bar

28/05/2012

Estranho estar aqui novamente.Os olhos ardem por causa da falta de costume.Ou por causa de miopia mesmo que deve estar aumentando.
Antes de mais nada quero agradecer a tão boa recepção piracicabana que tive, regada de má sorte e olho gordo (por que não?).
As coisas tem sido pra mim, do jeito que o diabo gosta.Não fosse o amor e a risada de algumas boas companhias os dias não seriam bons.No meu caso ou seriam ruins ou péssimos.
Depois de alguns problemas que me tiraram a paz e do assaltante que levou meu notebook novinho, o qual, minha mãe está  pagando as prestações, tenho jogado um olhar bem desesperançoso sobre vida, acompanhado daquela sensação de empanturramento depois de se comer muito.Sinto então toda a indigestão da existência.
Eu sei que  estou exagerando mas a gente fica assim depois de assaltarem sua casa.Você fica com medo de acontecer de novo só que numa versão mais thriller, com você ou morta ou estuprada.Vou tornar mais claro, imagine este blog, o blog de uma pessoa morta.Sacou?

Meu pai, tadinho, quase infarta de novo.

É muito difícil pensar o estado de pertubação mental de um ser que pratica um assalto. Não sei se ele é vítima do sistema, sempre houve ladrões.O cara é um coitado, moralmente falando.Depois da raiva eu cheguei a essa conclusão, é um miserável e eu não vou  encher de más águas o meu coração por uma pessoa assim, fico triste pelo dinheiro perdido que não cai do céu e além disso fico com o medo de continuar morando aonde moro,  apreensiva com os mínimos barulhos,  passos,  vozes.A ideia é sair daqui, ou que o dono coloque câmeras, sei la.
De bom, só o amor.E nutella com bolo de cacau.

então…e aí?

04/04/2012

Caminhava a curtos passos pela calçada tantas vezes pisada .Calçada cúmplice de tantos destinos.Pensou na vida, tentando alinhar um assunto a outro na mente, misturando seu cotidiano ao cotidiano alheio.Sentir-se pessoa, sem lá com muitas questões diferentes das outras que por ali passavam, pessoa apenas.Sentir que sentiria algo sem nome,  um porvir abstrato bem na mão.
Aconteceu.
Vivo.Vivo?Não há verbos na cena, a existência não é um ato, não tem continuidade nem definição, apenas o derradeiro beijo com saudade prévia.Aconteceu.
Não há verbos na cena, a existência não é um ato, não tem continuidade nem definição.As passadas mornas e sem graça, tentando novamente alinhar de forma precisa um assunto a outro, acreditar em linhas em formas concretas, ter respostas obrigatórias.Caminhava a curtos passos pela calçada tantas vezes pisada depois de entrar e sair de um profundo coma.

diz que deu diz que dá.diz que deus dará.

20/02/2012

Estranho fenômeno.Já sentiu empatia por todas as pessoas que conviveram com você?Não sei se é uma esperança ingênua de querer que todas as pessoas que você conheceu deem o melhor de si no futuro e voltem pra te contar, não sei se é carência, não sei se é desequilíbrio hormonal…No colegial eu não me adaptei bem à realidade em que vivia, nunca encontrei alguém que de fato compartilhasse das mesmas coisas que eu sinto (exceto por uma pessoa que é praticamente minha irmã) , discordava de todo mundo e, como minha existência se resume a passar vergonha, eu voltei de transporte escolar até o segundo colegial.
Mas foi bom, aprendi a criar um outro mundo social fora da escola que eu frequentei, minha capacidade criativa e comunicativa agradece até hoje.
Foi assim até eu entrar no cursinho.Nunca imaginei que naquele lugar execrável poderia encontrar pessoas legais, mas encontrei.E um tempo atrás se me perguntasse se eu recomendo cursinho diria:não.Hoje digo sim, com uma resalva obviamente, você pode não dar sorte de encontrar pessoas legais porque o que não falta nesse mundo, todos sabem, é gente chata e idiota.

Dr. House está certo, Chico Buarque está certo.O primero dizendo que as coisas não mudam com o tempo, você mesmo tem que fazer elas mudarem se não, nada acontece.Chico diz espere sentado/ou você se cansa/está provado quem espera nunca alcança.Pensando nisso eu fiz O GRÁFICO DA VIDA.Ele é completamente personalizável.

tá pequeno, cliique!

12/02

12/02/2012

1804 – Heinrich Lenz, físico russo (a “maldita” lei de lenz)
1809 – Abraham Lincoln, 16° presidente dos Estados Unidos
Charles Darwin, biólogo britânico
1881 – Ana Pavlova, bailarina russa
1908 – Olga Benario Prestes, militante comunista alemã
1936 – Luís Person, ator e diretor brasileiro
1938 – Martinho da Vila, cantor brasileiro de MPB.
1939 – Ray Manzarek, músico americano e ex-tecladista da banda The Doors.
1941 – Dominguinhos, músico brasileiro.
1969 – Darren Aronofsky, diretor de filmes norte-americano. (cisne negro)
1990 – Geisy Arruda, empresária e estilista brasileira.
1992 – nayla almeida!

eventos históricos
1912 – A Revolução Xinhai ou a Primeira Revolução Chinesa, foi o derrube (10 de Outubro de 1911 – 12 de Fevereiro de 1912) da Dinastia Qing e o estabelecimento da República da China.
1938 – Anschluss: As tropas alemãs entram na Áustria.
1941 – II Guerra Mundial: O General Erwin Rommel chega a Trípoli.
1961 A URSS envia uma sonda ao planeta Vênus
1973 – Guerra do Vietnã: O primeiro prisioneiro de guerra americano é libertado pelos Viet Cong.
1994 – O quadro “O Grito” , de  Edvard Munch foi roubado do Museu Nacional de Oslo
1998 – Sancionada no Brasil a Lei conta Crimes Ambientais.
2001 – O mapa completo do genoma humano é apresentado oficialmente.
2012- fiz 20 anos

esse é o post mais retardado e egocêntrico que eu já fiz não fosse pelo mínimo de cultura que ele pode trazer.
fonte:wikipedia e um outro site aí

medianeras

22/01/2012

Acho que um jeito de um filme fazer um relativo sucesso é a capacidade que a história têm de colocar na tela, nos atores, atos e pensamentos  situações que acontecem com qualquer pessoa, mas que geralmente não nós não falams, é particular, essas viadagens.medianeras é assim.o diretor e publicitário argentino, gustavo taretto estreiou na sétima arte com esse filme.as sinopses que eu vi por aí me deram a impressão de ser um puta de um filme chato.mas não é, a fotografia é linda, o filme não poderia estar em sintonia mais perfeita com os relacionamentos da modernidade.não tem link pra baixar no momento, devido à sopa. (rsç)

( eu sou uma anta. falei anteriormente que as sinopses que eu li eram ruins, vou fazer a minha própria que também pode ser ruim:
medianeras no filme, significa a parte dos prédios nas quais hoje em dia são postos anúncios, é a parede sem janelas, o muro.a história se passa em buenos aires com duas pessoas, um homem e uma mulher que vivem em apartamentos minúsculos e quase sem iluminação.o rapaz  é designer,  tímido, tem medo de gente e praticamente não sai do apartamento, tem como hobbie e como recomendação médica sair pela cidade tirando fotos das coisas e das pessoas que vê para voltar à se adequar a vida em sociedade, a estranha distante-próxima sociedade em que vivemos.
a moça é uma arquiteta que trabalha com vitrinista. assim como o rapas terminou um relacionamento de longa data e  se recupera. ela anda por aí meio deprimida.o filme dialoga a todo tempo, principalmente no começo sobre a relação entre a estrutura física das cidades [ os prédios, a falta de luz, o concreto]com a atitude das pessoas que vivem em cidade.a dificuldade de se estabelecerem verdadeiros relacionamentos [amizade, namoro, etc] bem como a fragilidade de tudo isso, na era onde tudo é rápido, cibernético e descartável.
fim da minha sinopse rsçs )

existem outros  trailers mas eu prefiro essa pela cenas, pela musica

histórias cruzadas | the help

20/01/2012

http://www.multiupload.com/T89GV9I1Z4

romanticos anonimos | titulo piegas mas é o nome

17/01/2012

eu nao gosto de assistir nenhum tipo de filme romantico, comedia romantica (com exceção gloriosa de annie hall), essas coisas, sei la nao tenho paciencia. nem na vida real eu lido bem com isso até que PÃM :

o filme é simples na história daquelas que você já sabe o final nos primeiros 10 minutos, mas tem umas esquetes engraçadinhas, eu achei bem saudável, parece.no primeiro encontro deles,  tem uma cena bastante…expressiva pra mim e talvez pralgumas pessoas.a mocinha do filme tira da bolsa uma lista de fichas com assuntos como politica, arte e o demonio pra falar o rapas, o tio na verdade.coisas do tipo ‘o que voce acha da situação no oriente médio’.poisé.

link para download em rmvb
http://www.omelhordatelona.biz/protetor/?url=http://www.filesonic.com/file/w6bcZVx/Romanticos.Anonimos.omelhordatelona.biz.rmvb

churrascao da cracolóques | estado + capital = merda

14/01/2012

Existe uma diferença grande entre ir à um protesto, fazer volume, escrever uns cartazes, fazer barulho e participar da conversação entre as partes que é o que realmente importa.Até hoje não participei de nenhum desse tipo de conversação, apenas fui, gritei, escrevi…Esse tipo de coisa que também não é menos importante.Talvez um dia quando o problema me atingir diretamente eu tiver maturidade política o suficiente pra sei lá, escrever um manifesto e não gaguejar em discussões, nem ficar sem paciência pra discutir eu participe.
Mais de 4 mil pessoas confirmaram presença no churrascão da gente diferenciada- versão cracolândia.Obviamente não foram as 4 mil pessoas lá, quem dera! Umas 800 talvez.É uma pena esse pessoal que confirma as coisas e não vai.Ruim em rolê, pior em protestos.

A questão em torno da cracolândia é o fato do prefeito (Ka$$ab + família ligado ao mercado imobiliário) conjuntamente com o governador Alckimin  e a polícia militar ,estarem organizado uma ação de extermínio para conclusão do projeto Nova  Luz.Acontece que a Luz é um bairro com muitas pessoas pobres, viciados, comerciantes, moradores nem tão pobres, usuárias de crack grávidas que têm sofrido violência,  um bairro com um grande número de ocupações, com muitas crianças que quase sempre não estudam, seja por não haver escolas que atendam à todas por falta de vagas seja porque têm que trabalhar para ajudar no sustento da família.O projeto Nova Luz não leva em conta as necessidades dos cidadãos que ali moram ou tentam morar, eles tem apenas que sair, dar espaço aos novos empreendimentos imobiliários milionários e fodasse.É  aquela coisa, não se pode expulsar o morador do bairro em que ele vive agora que ele pode ficar bom, não se pode internar compulsoriamente um viciado porque não adianta.Porra, nem sei de quando é mas está no artigo 50, paragráfo III da constituição feral que ninguém será submetido à tortura nem à tratamente desumano ou degradante (decorei rs).Claro como um cristal que os coxinhas não sabem disso, e foi por esso, entre outros motivos  que houve o protesto.

Aliás, essa nova forma de fazer protesto, mais descontraída e não menos política têm se mostrado bem interessante.Alguns moradores ali da cracolândia pelo que eu vi ficaram incomodados pela presença do pessoal até serem informados que estávamos ali em favor deles.É engraçado também o perfil de gente que vai agora nos atos, não que eu seja uma maria-protesto e tenha uma experiência invejável no estereótipo de…gente que vai em protesto.Mas a galera aparentemente indie tem caído em peso.Eu acho isso bom.A mesma aconteceu antes do fechamento do Belas Artes, muita gente no twitter cheia de preconceito em relação aos coitados dos indies a la PC Siqueira.Eu detesto esse cara mas só o fato de ter tribos novas que têm apresentado interesse político e social com os problemas que dizem respeito à nossa cidade, puxa vida, isso é muito bom.O ruim é quando gente sem noção encontra um microfone de alguma canal estúpido e fala merda.Aí zuou o barraco, então caso você, meio leitor por mês deste blog seja indie e não saiba direito determinado assunto e estiver diante de um microfone, segure seu desejo de fama e cale a boca.

Li  no evento do facebook que uma menina conversou com um policial que disse que “que concorda que é um caso de saúde pública, e não de segurança e que qualquer nóia que tá na rua não entende o por que tá sendo abordado por que a droga já definhou toda sua capacidade de compreensão e de obediência, o que resta é a violência. ”

Terrível, não?Esse é o problema, a sociedade ver que a droga quando atinge pobre foi porque ele quis experimentar simplesmente porque ele não tinha nada pra fazer!Claro, deve ter um ou outro assim, mas hoje em dia as pessoas que tem informação, até a classe C talvez, se usam não é por falta de informação dos males.Tem até benefícios, embora eu acredite mais nos males e não curta essa parada.No entanto,  sou à favor da legalização da maconha , estou convencida quem caso ela ocorresse, desmantelaria um esquema gigante entre políticos, empresários, juízes.É um mercado no qual o consumidor muitas vezes é preso e não raro é o pobre.A não legalização é uma forma de manter os esquemas de tráfico organizado e mais um meio de manter os abusos e torturas cometidos pelos policiais.

No mais, fica esse doc que vale muito mais que meu texto descontínuo, confuso, humilde, ignóbil e cheio de erros ortográrficos: 

____________________________________________________

deixando de lado a história de ong ser só patifaria e o fato de ter o logo do banco safra logo no início desse video, acho que vale a pena pra mostrar que internação compulsória não é o caminho e não resolve :

Belo Monte, a universidade e a empresa

03/01/2012

um dos vídeos mais sensatos sobre o assunto.sem mais.

natalices

23/12/2011


aaah…o natal.o vermelho, o calor, as bolas reluzentes, o amigo secreto que não vai com a tua cara, que quer roubar teu lugar na empresa…
é, o natal com seu perú queimado e a sua tia apertando até a sua alma.dias de ver aqueles familiares próximos, os distantes que nunca vemos.dia de rir obrigatoriamente até pr’aquela maionese azeda e aquele peru queimado.dia de uma necessidade abrupta de parecer alegre ainda que boboca.dia do filho da puta do vendedor do shopping ganhar mais varizes.
ahh o natal.agora eu entendo porque o saco tão grande do papai noel.

eu só tenho 19 anos e não aguento mais essas comemorações de final de ano, talvez a festinha do ano novo vá lá, dá pra ficar ébrio e você passar pelo ritual mais feliz, entra no clima e quando vê já acabou.

Philip Glass- Violin Concerto no. 1 mvt. 3

16/12/2011

Quero deixar salvo aqui uma música que ouvi no programa Concertos do Meio dia, da Rádio Cultura fm.Primeiro porque seu eu salvar em qualquer outro lugar/dispositivo que não seja meu blog eu vou perder.Segundo porque foi um momento muito significativo pra mim quando ouvi esse concerto e foi redondamente triste entrar debaixo da terra (metrô) e perder o sinal da rádio e perder a música que me fez entrar em êxtase.Talvez porque houve no momento uma sincronia entre os meus sentimentos e os movimentos do violino.Aquele mundaréu de gente com compra de natal, disputando espaço no metrô com Chester da Sadia, gente cherosa, gente fedida, cheiro de gente, cansaços, anseios vazios de promessas de ano novo, meu vestibular, meu amor ignóbil, minha cara de idiota, a preguiça, o futuro de uma jovem de só mais uma jovem, a liberdadem as conquistas.
Enfim, sem mais devaneios que eu tô com sono, pra quem ouve música erudita/minimalista/essas coisas mas nunca consegue COMPREENDER o nome dos compositores, o site da rádio tem o nome e a programação completa.

É uma composição do Philip Glass, o cara que fez a trilha do filme “Nosso Lar”, e o mastro é o  Takuo Yuasa, talvez mais conhecido por reger a Filarmônica do Japão, e de Osaka, e de Tóquio coisas do tipo (não sei maiores referências).Esse concerto tem três movimentos, vou postar o terceiro em especial.Talvez não seja uma composição assim taaaaaaaão sofisticada, eu acho.Se bem que eu não sou especialista nisso, mas enfim, me gustó.

dos males pós-modernos

16/12/2011

Ultimamente nada tem graça, as pessoas não tem graça, não tenho vontade de falar com ninguém no facebook, no msn, ninguém tem sido interessante.
Tenho visto no geral, um mar de bestialidades.
O facebook, por exemplo, parece um cemitério.Você sabe que as pessoas estão lá mas raramente fala com elas a não ser que ela esteja próxima do seu cotidiano.Aí você estabelece uma relação quase mediúnica que se não fosse por caracteres seria psicografada.Porque afinal,cada um sempre acaba seguindo outro caminho e quando alguém se lembra de você é pra marcar um encontro que raramente vai acontecer, embora a intenção tenha sido boa e talvez até saudade havia ali.

A quantidade de gente reclamando também já encheu o saco.A maioria de nós tem quer ter uma direção certa, um objetivo sempre cheio de obstáculos porque, puxa vida é tudo tão difícil pra mim, só pra mim né?
Precisamos de manias, de paixões, de orgulho, obrigações civis e todas essas coisas que nos fazem manter a linha, para que pareçamos o mínimo possível com bichos violentos que realmente somos, irracionais e sádicos. Regras são necessárias para que possamos viver em conjunto com o mínimo de decência possível.
Comecei a pensar se seriam as pessoas descartáveis de fato.Embora eu preze pelos companheiros que mais gosto, não é difícil pra ninguém admitr que algumas pessoas só foram úteis enquanto nos foram necessárias  (isso foi redundante?) ou enquanto nós fomos, de acordo com o momento histórico.Comecei a pensar, que depois que não temos mais serventia para os propósitos alheios somos chatos, babacas, antiquados, repressores, difíceis e sei lá mais o que.São os argumentos geniais que algumas pessoas usam quando na verdade não têm coragem para serem sinceras e dizerem que não temos mais serventia.
Por isso, acho que  é o caráter que torna as pessoas diferenciadas.É bom ter caráter.Talvez seja bom ser mais crente também.Não crente daqueles viram o capeta sexta à noite, crente numa concepção mais otimista.Acreditar mais nas virtudes, analisar comportamentos de forma ingênua, quem sabe piedosa, pra não ter a visão dos fatos maculada pela descrença, malícia ou prepotência.Ser otimista, sem esperar a gratidão de ninguém.

 

Provocações – Receita para arrancar poemas presos

11/12/2011

A maioria das doenças que as pessoas têm são poemas presos.
Abscessos, tumores, nódulos, pedras são palavras calcificadas,
Poemas sem vazão.
Mesmo cravos pretos, espinhas e cabelo encravado.
Prisão de ventre poderia um dia ter sido poema. Mas não.
Pessoas às vezes adoecem da razão
De gostar de palavra presa.
Palavra boa é palavra líquida, escorrendo em estado de lágrima.Lágrima é dor derretida. Dor endurecida é tumor.
Lágrima é alegria derretida. Alegria endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida. Raiva endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida. Pessoa endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor. Tempo derretido é poema.

Viviane Mosé

os escafandristas

06/12/2011

entre intervalos de textos sobre minhas impressões externas acerca da vida, vou postar (leia-se ‘deixar arquivado em forma de um backup mais seguro que eu de porte de um pen drive ou coisa do tipo) alguns videos que acho interessantes.

de perdida à selvagem

06/12/2011

“- Eu te amo!”
“-Jura?!!”
“-Não.Tava sem assunto.”

dos sádicos

05/12/2011

O dia inteiro reclamando mentalmente das pessoas, xingando atitudes, engolido sapos, era um gordo retentor de líquidos,  com terno preto que o sufocava no calor da repartição.Gordo de tanto guardar críticas e insatisfações dentro de sí.Inchado de falsidade e egoísmo, distribuindo sorrisos e apunhalando pelas costas.
Foi almoçar.

Havia duas formigas.
Uma mais serelepe, rodava enlouquecida em torno da outra que, formigando (formiga anda?) a observava, iludida com suas peripécias , submissa, parecia esperar um sinal, uma aprovação pra onde diabos iriam as duas.
A formiga mais parada não percebia o quanto a outra era medíocre naquele descontrole todo, e nem por um minuto tentou o controle da situação.

Cansou da palhaçada.

Esmagou a mais ensandecida com a ponta dos dedos, feliz  por sua supremacia bestial.
A outra sobreviveu.Era só patinhas mexendo, mísero corpinho trepidante alvo de sua fúria.Agonizou.Sorriu.

Mais fácil compensar em outrem a covardia de ser sincero.

ligeiro texto sobre jornalismo

26/10/2011

Bom são 21:40 da noite e estou, numa das minhas crises profissionais.Penso em motivos que me levariam ou não a fazer a bendita da faculdade de jornalismo, tendo em vista minha consideração sobre o curso, que admiro.

Nunca fui leitora voraz de teorias jornalísticas mas sempre acreditei ser o jornalismo uma das mais importantes profissões na sociedade.Faz parte da educação ter as informações sobre os fatos que nos cercam seja por ângulos tortos, agudos ou oblíquos ou até mesmo centristas, tudo isso influi na mudança de gostos,  faz surgirem ideias, informações podem mudar a cultura de um povo.Acabo , caindo no clichê de dizer que a informação é um dos grandes meios de influência (e por que não de poder) da nossa era.

O problema é que hoje, detendo a fonte divina das informações e os meios de como fazer essas informações chegarem a um número absurdo de pessoas, chegando até a abastecer grandes veiculadores de notícias, que nem a Reuters  faz com a Globo, o poder está concentrado.As notícias vêm enlatadas, prontas para serem distribuídas para outras agências de comunicação, moldando um pouco aqui e ali a cara da notícia visando vender mais, vendendo quem sabe mentiras.

As manchetes quando não são impessoais demais, com um ponto de vista delimitado, ora favorecem a mentira, ora fazem críticas sem ponderar verdadeiramente os fatos, assim, descaradamente de forma que acreditamos que a tal da manchete seja um fato absoluto.

Obviamente existem exceções, eu compro as exceções, as publicações alternativas, os blogs, mas o que vende mesmo e quem manda mesmo infelizmente são as agências enlatadoras de notícias por encomenda.Apoio e respeito muito aqueles que se dedicam a prestar as informações verdadeiras, e provocam o real discurso entre nós, populares.

Sei que ataco o modelo norte-americano de se fazer notícia que foi sendo aperfeiçoado até ser essa palhaçada que é hoje: órgãos que influenciam uma parcela considerável da população mundial a bel-prazer de algumas corporações, empresas, governos e interessados em manipular uma grande massa.

Não tanto por otimismo e mais por instinto de sobrevivência , espero e tenho visto novas revolucionárias fornadas de jornalistas verdadeiros.Quem sabe você, quem sabe eu, mas de mim não sei nada ainda.
Eu fico aqui pensando, o que um engenheiro agronômo (minha outra opção de curso) poderia fazer de bom, além de plantar árvores e fazer gente não passar fome, não deixar gente sem terra pra carpir.Utópico?Talvez.O que eu não quero é sair desse planeta sem ter feito o bem.

metropolizando

09/10/2011

Em meio ao desprazer do cursinho há alguns momentos gratificantes.
Esse final de semana, o professor de História, ou um dos, ministrou uma palestra sobre o filme do Woody Allen, Midnight in Paris.Não vou discutir aqui a genialidade de Woody Allen porque é obvio e claro como o cristal que ela existe e ponto final.
Depois do filme, que me deixou com uma saudade (?) de um lugar que eu nunca fui (?) mas que com certeza irei um dia , o professor ministrou uma palestra de alto conteúdo filosófico deixando-nos a proposta de reflexão.

O protagonista do filme, Gil Pender, roteirista bem sucedido porém insatisfeito e noivo de uma mulher bem chata acredita que o presente dele é um tanto quanto insosso e, num viagem a Paris com a noiva e os pais dela, sente a necessidade de que, para ser um escritor de fato  precisa das reminiscências culturais da cidade.No decorrer do filme, Gil sempre à meia noite é transportado aos anos 20 da cidade das luzes, deparando-se com figuras como Salvador Dalí,  Scott e Zelda Fitzgerald,  Cole Porter, Hemingway, Gertrud Stein, Pablo Picasso,  e Buñuel.É muito engraçado, particularmente quando ele se encontra com o grupo surrealista de Dalí e começa a contar o absurdo que está acontecendo, esse negócio de viajar no tempo, coisas que os surrealistas acham  completamente normal.

A proposta da reflexão foi do porquê moramos em cidades.Não necesariamente a megalópole de São Paulo, mas cidades.Que fascínio exerce uma cidade grande para seus habitantes?

Chovia e eu então saí ao meio dia na Paulista (era o que tinha pra hoje).E na cabeça a repercussão do que foi discutido.

A cidade revelada nas luzes da manhã, a realidade na pupila dos mendicantes que refletia nas minhas sem pedir licença, meu olhos que não sabiam nem sabem nunca se retribuem dó, indiferença, revolta ou moedas.

Ali, o vendedor de colares, homem-estátua da metrópole-corrida.O velho sem pernas de olhar tresviado, a senhora do cachorro imperial…Todas as idiossincrasias, as taras desfilando numa avenida em busca do espairecer, do amor talvez.
A rua levava minhas pernas, caminhando para frente apenas, mais afrente de uns monstros soerguidos, como prédios.
A feira de antiguidades.Queria eu também voltar a uma época não fosse a minha, não por medo do futuro, mas porque esse desejo é movido pelo fato de que só assim é possível ter uma visão geral da época, uma visão crítica, soberba talvez, coisa que no presente não há graça por não sabermos diante de que estamos.
Uma foto quase vitoriana, tirada na rua direta hipnotizou-me por pelo menos um minuto, o cheiro do passado, queria eu através do cheiro transportar-me para uma época incrivelmente distinta da minha que por vezes parece tão sem graça, tão vazia, inóqua.
Grande ilusão, todas o eram o problema é o indivíduo.

O parque das árvores intoxicadas, provas da existência de passantes, de humanidadezinhas, arvorés que estarão lá talvez até o tempo suficiente de algum empresário comprá-las e destruí-las, sepultando seus restos de baixo de um prédio comercial até o dia em que o parque existirá apenas em fotos, e terá cheiro.

A cidade é o lugar de encontros, de trocas, ainda que fugazes , de olhares e paixões fugidias, amores breves de metrôs e de semáforos.Ela e é o local das trocas culturais, local no qual o espaço cívico, a princípio, deveria diluir as diferenças socioeconômicas.Conglomerado, abriga milhares de pessoas que são sempre solitárias e se encontram observando a solidão coletiva e nós gostamos disso porque há a possibilidade mesmo que remota de conhecer alguém mais solitário e confuso do que nós mesmos e quem sabe…

bolinhas de açúcar

28/09/2011

ontem eu senti tanta dor tanta dor que tudo que via, via o nada e já não havia mais água cá dentro que saísse dos meus olhos pr’aliviar e as drogas que evito usar usaram e abusaram de mim.veio a dor de cabeça que me consumiu como um norte-americano consumiu a sopa que obteve na fila de caridade em 1929
tive que ir pro hospital tomar soro e enquanto aquela aguinha atraves da agulhinha aflitiva no meu braço despejava o medicamento no meio desse meu sangue todo, acabei por repensar que seria menos constrangedor se eu tivesse dormido com uma roupa decente porque eu passei uma vergonha danada na frente dos médicos, enfermeiros e auxiliares vestida assim, de qualquer jeito

algoz

15/09/2011

Naquela noite de lua quase cheia corria em ti o calafrio do estranhamento.
Era eu percorrendo tuas vias respiratórias , bombeado por teu sangue, passeando entre tuas sinapses, confundindo teus sentidos,  transitando por teus órgãos  a causar-te estremecimentos sob a pele.
Como cocainômano inalavas-me suavemente a coca mais pura, e eu trazia-te  céus de desvarios em pó, sem que percebestes até que no átimo das ilusões caistes por descuido nas teias da realidade, foi então que desfizestes em nada, em ar, em restos de quereres, esquecido .

metalinguagem homicida

03/09/2011

Partilhava o escritor com sua dor, dentadas de um texto tosco.Mordia o escritor seus questionamentos e suas teses, enquanto a dor mastigava os porquês que nasciam da mente de seu criador.
Por que?Porque faz sentido antes de engolir, mastigar.
Deixando a dor de lado, deitou, dormiu e tentou extrair de seus sonhos  –  não sabia se sonhava realmente ou se apenas fantasiava de olhos fechados – uma força capaz de induzir suas próximas frases, de induzir seus leitores ao seu mundo onírico, pincelado de cores diversas,  boreais inebriantes de reluzir aurífero, seguidas de noites enevoadas de lua cheia em campos de alvos lírios.
Quando acordou sentiu que a dor esfarelava sua mão e de súbito, triturava todas  as suas quimeras.Era uma batalha inglória contra mil gigantes de mil dentes cada um.Finda a carnificina, o escritor já completamente despedaçado ficou só, tão só que nem a solidão ousava dar seus ares de graça.

bestiário

28/08/2011

Algumas notícias surgem como um tiro no escuro que não te permite fazer dimensão do estrago.Dias que morrem sem graça, conversas que se perdem pela falta de fôlego e pelo excesso de silêncio que segue por inércia.
Tenho vontade de voltar aos dias  em que  lia contos russos redondamente tristes de manhã até de madrugada e eu era feliz ainda que tudo aquilo fosse emprestado.
Eu, pobre mujique na meia luz confortavelmente prostrada no sofá macio que me salvava de qualquer drama factível.
Agora as ficções me parecem ridículas.Tão ridículas porque verossímeis demais para qualquer drama da realidade.

valioso

20/08/2011

Sem dúvidas estava rodeado de invejas.
Não acreditava em ninguém, ninguém, ninguém presta nesse mundo.
Gabava-se por ter o corpo fechado mas tinha prisão de ventre,  cabeça cheia de merda e  cofre cheio de notas.

Um dia levou um tiro que fez um rombo de quarenta centímetros na barriga.

Perdeu todo o sangue, a merda e as notas todas.
Não prestei pra nada nesse mundo.

fosco

19/08/2011

Quando criança temia o escuro e suas bestas.Na juventude arrepiava-se nas noites trevosas de lua nova, sufocado pelas próprias angústias.Adulto, incomodava a mulher com a luz do abajur nos amores e nos sonos.Na velhice ficou cego.
Perdeu o medo.

tardes inconclusas

12/08/2011

O bom do dia de hoje foi ter praticado um leve suicídio (?) produtivo (!?),  embrenhando-me por entre as prateleiras empoeiradas dos sebos da Liberdade (ah, há quanto tempo não me demorava por lá, a espirrar e tossir, querendo encher a mala de livros baratos e raros e estranhos!).

Voltei pior do que estava.A sinusite – mais uma moléstia pra minha coleção de coluna torta e estômago ácido – pegou de jeito e me deixou efusivamente impaciente para fazer as tarefinhas e continhas do cursinho.Tive as lições mais impraticáveis de álgebra – pra mim, matéria tão obscura quanto o próprio sentido da existência-  e as de química bem trabalhosas.

Fiz suco de morango com leite condensado – e nessa hora eu já estava morrendo – pedi para meu pai levar-me ao pronto socorro e estou otimizando minha hipocondria com o antibiótico que me foi passado.

Daí que essa música, que ultimamente tem se tornado um hino pra mim, veio a cabeça quando eu teimava, limava e suava fazendo uma conta qualquer: